RESENHA – VERMELHO AMARGO, BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS
Autor: Gustavo Zulato – Terceiro ano/EM
Bartolomeu Campos de Queirós foi um escritor,
educador e crítico de arte. Passou grande parte da sua infância no interior de
Minas Gerais, cursou Filosofia na França e lá, em 1971, escreveu seu primeiro
livro O peixe e o pássaro, no mesmo ano que retornou ao Brasil. Suas
obras como Ah! Mar… e Pedro são geralmente voltadas ao público
infantojuvenil, mesmo sem buscar uma linguagem simplificada.
A primeira edição de Vermelho Amargo foi
publicada pela Cosac Naify, que cessou suas atividades em 2015. Atualmente o
livro é publicado pela editora Global, que foi a edição que tive em mãos. Com
uma capa dura, um vermelho fraco que trás sensação de amargor e seu nome
escrito de uma forma não convencional – com cada palavra em polos distintos e
em sentidos contrários – como se buscasse contradizer a si próprio.
A narrativa de vermelho amargo começa apresentando o fato que nosso protagonista vai enfrentar a história toda, o luto pelo falecimento de sua mãe. É extremamente interessante a forma que esse livro aborda o outro lado do amor, desconstruindo a idealização de “amor perfeito” que geralmente gira em torno dele.
Sua atmosfera e narrativa é um tanto quanto obscura e em sua maioria é dada através de metáforas – cujo viés poético é muito bem explorado – abrindo espaço pra diversas interpretações; como o “irmão que degustava vidro” sendo apenas uma analogia ao irmão que já aprendera a lidar com os problemas e o luto. Essa subjetividade da narrativa gera uma certa incerteza ao leitor, apresentando a história exatamente como nosso narrador-personagem vivia e sentia.
O título do livro fala por si só, passamos pela dor e a enfrentamos junto com o personagem, extraindo alguma fruição do “amargo” do amor. Na minha opinião, é um livro que nos incita a várias reflexões, uma crítica aos conceitos atribuídos ao amor e ao luto, e mais simploriamente, a mensagem de que: amor perfeito, só amor de mãe… Mas até ele chega ao fim.