A educação do século XXI demanda que os alunos não apenas dominem conteúdos acadêmicos, mas também sejam capazes de refletir sobre o mundo ao seu redor e suas próprias escolhas. Nesse contexto, os projetos interdisciplinares são uma poderosa ferramenta pedagógica. Ao conectar diferentes disciplinas e temas contemporâneos, essas atividades promovem um aprendizado ativo e significativo.

No Colégio Savassi, os projetos do Ensino Médio demonstraram como essa abordagem amplia horizontes e incentiva o pensamento crítico. Os alunos trabalharam temas variados, mas todos essenciais para a formação de cidadãos conscientes: desde a resiliência e o poder da inovação abordados no primeiro ano com O Menino que Descobriu o Vento, até as complexas relações entre fome, obesidade, alimentação sustentável e desperdício discutidas no segundo ano, e a influência das redes sociais na saúde e decisões alimentares debatidas pelos grupos do terceiro ano.

Primeiro Ano: O Menino que Descobriu o Vento

Inspirados pela história de William Kamkwamba, os alunos do primeiro ano mergulharam em reflexões sobre superação, criatividade e o impacto da ciência e tecnologia na transformação de realidades adversas. William, um jovem de Malawi, usou conhecimentos autodidatas para construir um moinho de vento e gerar energia para sua vila, enfrentando a fome e a seca.

Esse projeto desafiou os estudantes a pensar sobre como pequenas iniciativas podem causar grandes mudanças, mesmo em contextos de escassez. Por meio de debates e atividades, os alunos exploraram a importância da educação, da curiosidade científica e do trabalho em equipe na solução de problemas sociais.

Além disso, o tema trouxe à tona discussões sobre desigualdade social, acesso à educação e sustentabilidade. A história de William mostrou como a inovação pode ser uma ferramenta poderosa para superar barreiras, incentivando os jovens a acreditar no seu potencial de transformar o mundo ao seu redor.

Segundo Ano: Fome, Obesidade e Sustentabilidade

No segundo ano, os alunos aprofundaram questões relacionadas à alimentação, abrangendo temas como fome, obesidade, indústria alimentícia, alimentação sustentável e desperdício. O projeto trouxe uma abordagem integrada, conectando aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Os estudantes investigaram como o Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ainda enfrenta altos índices de fome, enquanto também lida com um aumento expressivo nos casos de obesidade. Esse paradoxo expôs a desigualdade no acesso aos alimentos e a influência da indústria alimentícia, que frequentemente prioriza produtos ultraprocessados em detrimento de alimentos mais saudáveis.

Outro ponto central foi o impacto ambiental do sistema alimentar. Os alunos discutiram como práticas de agricultura insustentáveis, desperdício de alimentos e a escolha de dietas inadequadas contribuem para o agravamento da crise climática. Ao mesmo tempo, buscaram soluções práticas, como promover o consumo consciente, reduzir o desperdício e incentivar a adoção de sistemas alimentares mais sustentáveis, como hortas comunitárias e a valorização de alimentos locais e orgânicos.

Essa reflexão interdisciplinar proporcionou aos alunos uma compreensão holística dos desafios alimentares do país, ao mesmo tempo em que os inspirou a adotar práticas mais conscientes em suas próprias vidas e comunidades.

Terceiro Ano: Redes Sociais, Saúde e Decisões Alimentares

No terceiro ano, o projeto foi dividido em três grupos, cada um com uma abordagem específica, mas interligada. O objetivo principal era explorar como as redes sociais influenciam a saúde e as decisões alimentares dos jovens, além de refletir sobre seu impacto na rotina e no comportamento.

Grupo 1: Redes Sociais e Saúde

O primeiro grupo investigou como as redes sociais afetam aspectos da saúde mental e física, destacando como plataformas digitais influenciam o sono, os estudos e os hábitos diários. Os alunos analisaram como os algoritmos das redes sociais funcionam para manter os usuários engajados, provocando efeitos no cérebro semelhantes aos de substâncias químicas, como a dopamina.

Além disso, o grupo mostrou como o uso excessivo dessas plataformas pode gerar ansiedade, dificuldade de concentração e dependência digital. Experimentos práticos, como testes de memória após exposição a vídeos curtos, demonstraram como a hiperexposição a conteúdos digitais pode prejudicar as funções cognitivas.

Grupo 2: Redes Sociais e Alimentação

O segundo grupo focou no impacto das redes sociais nas escolhas alimentares dos jovens. Eles analisaram como influenciadores digitais, propagandas e tendências nas plataformas digitais moldam as decisões alimentares, muitas vezes promovendo produtos ultraprocessados e dietas não equilibradas.

Um ponto importante foi a discussão sobre a responsabilidade das indústrias alimentícias e das próprias redes sociais em relação à publicidade voltada para o público jovem. O grupo destacou que a educação alimentar é essencial para capacitar os jovens a tomarem decisões mais conscientes, independentemente da influência externa.

Grupo 3: Redes Sociais como Ferramenta Positiva

Por outro lado, o terceiro grupo explorou o potencial positivo das redes sociais para disseminar informações sobre saúde e bem-estar. Eles apresentaram exemplos de campanhas de conscientização e perfis que promovem hábitos saudáveis, destacando como as plataformas digitais podem ser usadas para educar e inspirar.

Essa abordagem equilibrada mostrou que, embora as redes sociais apresentem desafios significativos, elas também têm o potencial de serem ferramentas poderosas para o bem.

Conexão Entre os Projetos

Embora os temas de cada série tenham abordagens distintas, todos convergiram para questões centrais da formação cidadã: a importância da conscientização, o impacto das escolhas individuais no coletivo e a busca por soluções criativas e sustentáveis para problemas complexos.

Os projetos do Colégio Savassi mostraram que os jovens não são apenas receptores de informação, mas protagonistas em seu processo de aprendizado. Ao investigar, debater e propor soluções, os alunos desenvolveram habilidades essenciais como pensamento crítico, colaboração e comunicação, que os prepararão para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Conclusão

Os projetos interdisciplinares realizados ao longo do Ensino Médio no Colégio Savassi são um exemplo inspirador de como a educação pode ir além da sala de aula e transformar a vida dos alunos. Abordando temas como superação e inovação, alimentação consciente e o impacto das redes sociais, esses projetos proporcionaram experiências ricas e significativas, que incentivam a formação de cidadãos críticos, responsáveis e engajados.

Através dessas atividades, os alunos não apenas adquiriram conhecimento, mas também desenvolveram uma visão mais ampla sobre seu papel no mundo e as implicações de suas escolhas. Esses projetos são um reflexo do compromisso do Colégio Savassi em preparar jovens para serem agentes de mudança, capazes de enfrentar os desafios do século XXI com criatividade, empatia e responsabilidade.